Não é de hoje que o varejo olha com atenção para a capacidade que o blockchain terá de transformar o mercado. Mas onde será que essa rede de transações entre dois ou mais parceiros poderá realmente ajudar? Grande parte da indústria tem trabalhado para compreender como melhor aproveitar essa nova tecnologia.
Há dois grandes pontos que são parte crítica do ecossistema do varejo que, a partir do blockchain, poderão ter suas características alteradas – e melhoradas.
Rastreabilidade da cadeia de suprimentos: temos consumidores cada vez mais preocupados com a origem dos produtos que consomem, e em contraponto uma alta nos índices de falsificação de produtos de diversos mercados. Com o blockchain, é possível rastrear todo o caminho percorrido por um produto em sua cadeia de produção, garantindo segurança e autenticidade. Aqui, além da redução de custos, há um ganho expressivo de valor e fidelização, como no caso, por exemplo, de alimentos orgânicos.
Segurança de transações diretas: o uso da tecnologia aumentará a eficiência das transações diretas entre parceiros, com a eliminação da necessidade de intermediários, como, por exemplo, os bancos. Os chamados contratos inteligentes, provenientes do blockchain, são capazes de catalogar e conduzir transações por meio de uma rede peer-to-peer, que substitui o papel tradicional cumprido em geral pelas instituições financeiras. Essas transações passam então a ser automatizadas e simplificadas, trazendo mais eficiência, agilidade e significativa redução de erros.
A maioria das organizações varejistas – como ocorre em outros mercados – ainda aguarda relutante os avanços e resultados da tecnologia para nela investir. Mas acredito que quanto antes os varejistas entrarem nesse jogo, identificando e projetando pilotos com implementação de blockchain, mais depressa verão um efeito positivo nas suas operações. Os varejistas que se moverem rapidamente para entender como a tecnologia pode beneficiar sua organização, desenvolvendo as habilidades necessárias, terão uma vantagem sobre seus concorrentes, reestruturando o cenário de varejo hipercompetitivo.
É importante salientar que, nesse processo de transformação, cabe evitarmos os projetos padrão de TI – demorados para implementar e lentos para atender às expectativas. Em vez disso, uma abordagem mais ágil é necessária para manter o ritmo com que o blockchain funciona, podendo ser resumido com começar pequeno, testar e eventualmente falhar logo, identificar o que funcionou, readequar e validar os processos ajustados rapidamente.
Será necessário, claro, reescrever as regras do mercado. Os desafios de encontrar dois ou mais parceiros/fornecedores interessados e prontos para implantar o blockchain, a necessidade de investimento em tecnologia e a urgente mudança na mentalidade dos varejistas. A aposta é que essa tecnologia será capaz de reestruturar modelos operacionais, melhorar sua eficiência e reduzir custos.
por Gustavo Pipa, Client Service Executive de varejo e bens de consumo da Cognizant