O Brasil tem mais de 20 mil empresas exportadoras, porém somente cerca de 3 mil delas fazem uso do principal benefício do exportador, o Drawback. As outras 17 mil continuam a exportar seus produtos com o custo Brasil. Esse dado revela o caminho que ainda é preciso correr, muito além de apenas aguardar a reforma tributária.
As empresas já poderiam usar os benefícios, mas isso não ocorre por falta de conhecimento sobre como fazer e a quem procurar. Os benefícios fiscais são legítimos e atendem a todos os portes de empresas exportadoras.
A capacidade de investimento para buscar esses recursos é estratégica para aumentar a competitividade e viabilizar novos investimentos. Mais urgente que esperar por reformas que talvez não impactem diretamente o negócio, é realizar uma gestão tributária estratégica, que é o futuro do caminho da competitividade. É lá que as oportunidades de reduzir custos estão escondidas.
O tema é complexo e as equipes internas estão focadas em atender às exigências do governo. Mas no futuro, que já é hoje, a área fiscal será o maior diferencial competitivo para gerar mais resultados que os já espremidos projetos de redução de custos no processo produtivo.
Buscar o conhecimento sobre as melhorias que o setor pode promover é garantir a continuidade e o aumento de competitividade no mercado interno e externo. Fazer isso internamente, sem a expertise de quem acompanha as atualizações impostas pelo governo para o setor é abrir mão de uma estratégia vital nos dias hoje.
Nesse campo, o conhecimento e a tecnologia são as armas que podem ganhar a guerra pelo aumento de competitividade e é preciso estar alinhado com as tendências e as melhores práticas desse mercado.
Sair dos limites territoriais da empresa e olhar para toda a sua cadeia é um desafio que pode gerar benefícios fiscais compartilhados. O caminho mais sustentável para o ganho em cadeia. Integrar esse ecossistema fiscal e tributário das empresas já possível com tecnologia e conhecimento, preservando a integridade das informações de todos os lados e, principalmente, mantendo a visão que o governo tem sobre os CNPJ’s envolvidos.
A gestão tributária é um ambiente vivo. Não é mais possível pagar impostos no modo piloto automático. As discussões sobre onde comprar insumos e como distribuir seu produto, precisam acontecer diariamente, entre todas as áreas da empresa, a cada nova lei, a cada novo incentivo fiscal.
Saber equilibrar esse conhecimento interno com a visão de mercado é o grande diferencial. A tecnologia ajuda cada vez mais, porém ela é um meio e não o fim. É preciso de conhecimento para ensinar a máquina corretamente. Senão, a tecnologia vira repetidora de erros. O conhecimento humano é necessário.
A nós cabe o esforço de cobrar do governo mais atuação nos acordos internacionais, fundamentais para o intercâmbio de tecnologia e interação na cadeia produtiva que estimula os negócios. Não é no governo que estão as condições para melhoria dos negócios. Está no olhar sobre as oportunidades e na forma como clientes e fornecedores se unem na busca de mais competitividade.
Os mecanismos disponíveis já são muito significativos para reduzir custos e não somente para quem exporta. Tem muito benefício para segmentos que o governo incentiva e pode usufruir de suspensão de impostos. Mesmo assim, até grandes empresas têm deixado “dinheiro na mesa”.
A área tributária e fiscal será o coração das empresas no futuro! Imposto nunca vai acabar, porém gerenciá-lo com estratégia será sua chance de margem. Será vital. Tirando o custo dos impostos o que sobra é o preço de compra e o custo de produção, o que na maioria das empresas é muito similar.
A empresa que não faz uma boa gestão fiscal transfere a sua ineficiência fiscal para o cliente no preço do seu produto. Portanto, equilibrar preço com imposto será sua maior força. A margem estará na questão tributária.
O que a sua empresa faz e o que ela ainda pode fazer para reduzir seus custos em impostos é a grande questão. Sua empresa está fazendo tudo o que é possível?
por Paulo Paiva, vice-presidente da Becomex