Um estudo da Credit Suisse Company Succession sobre pequenas e médias empresas suíças familiares (em torno de 70 mil) aponta que 25% dos gestores gastam muito tempo e esforço no planejamento da sucessão da administração. Destas, apenas 30% conseguem sobreviver à segunda geração e o percentual cai ainda mais para 15% e 4% nas terceiras e quartas sucessões, respectivamente. Isso porque, muitas vezes, os fundadores destas empresas não têm sucessores dispostos a assumir o controle do negócio de seus pais.
Na vizinha Áustria, cerca de 75% dos hotéis, por exemplo, são de propriedade familiar e precisarão ser entregues em breve para próxima geração. Lá, 63% dos entrevistados indicaram seu desejo de passar seus negócios a um membro da família e 25% esperam vendê-lo. Já no Brasil, segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas empresas (Sebrae), 80% de todas as companhias registradas, em setores variados, são familiares e podem estar enfrentando a mesma situação. Em comum, o fato de nem todos os filhos terem interesse em gerir o negócio da família. Por vezes, a veia empreendedora está lá, porém preferem criar um negócio do zero, de acordo com as próprias ideias. Então, como então planejar a sucessão familiar?
Para o especialista Jean-Philippe Weisskopf, professor doutor de Finanças na Ecole Hôtelière de Lausanne (EHL), para a geração que chega ao negócio é importante entender suas aspirações, experiências e as competências de cada um e também deixar claro que o trabalho para uma empresa própria exige muitas vezes longas jornadas de trabalho, o que nem sempre é atraente. Segundo ele, em linhas gerais, quanto mais cedo começar a planejar uma transição, melhor. O professor estima um período de 10 anos o que, embora pareça muito tempo, até concretizar a transição a família irá trabalhar neste planejamento paralelamente ao trabalho ou aos estudos dos sucessores. Além disso, este momento é fundamental para ajudar os novatos a desenvolverem seu próprio estilo de gerenciamento e a implementar suas próprias ideias.
Uma forma de trazer uma experiência prática e imersiva, a Academia Júnior da EHL oferece aos mais jovens uma visão completa da administração de negócios de hotéis e da gastronomia. Consultores, como uma ajuda externa neste período, pode tornar a transição mais tranquila. Já para quem sai da administração é importante entender que a hora do show é de quem chega. Os fundadores precisam deixar a próxima geração cometer e aprender com seus erros e deixá-los fazer as coisas de maneira diferente, até para preservar o relacionamento da própria família, evitando conflitos. As oito dicas da sucessão bem-feita:
- Elabore o planejamento de sucessão definindo os participantes, metas, funções de cada um e prazos;
- Deixe claro os direitos de cada herdeiro sobre a empresa;
- Seja claro com os sucessores sobre as vantagens e desvantagens de tocar os negócios e suas inconveniências;
- Seja transparente em todos os aspectos do negócio, a fim de evitar que a próxima geração tenha de enfrentar surpresas desagradáveis;
- Identifique se precisa de ajuda externa profissional;
- Tenha o negócio pronto e ordem para o grande dia e defina os papéis, em particular sobre questões relativas a financiamentos e investimentos;
- Assegure-se de que todos os aspectos legais e fiscais da empresa estejam em dia;
- Por fim, mas não menos importante, planeje seu futuro fora da empresa e aprenda a agir mais como consultor e menos como dono.