O princípio dos negócios internacionais é o respeito e adaptação que uma cultura possui em relação a outra. Em nações que o governo possui mais controle sobre a população, a cultura possui um peso ainda maior na hora da negociação internacional. Um dos maiores entraves na internacionalização de empresas é a barreira cultural. Costumes, tradições, religião e política podem decidir uma negociação internacional e até mudar uma cadeia logística.
A busca por fornecedores que ofereçam produtos com segurança e qualidade é um desafio no comércio exterior. E mesmo com toda tecnologia que possuímos hoje, muitas empresas valorizam conhecer suas parcerias pessoalmente, o que pode ajudar muita na negociação, mas também pode gerar um choque cultural muito grande.
O Brasil é considerado um país receptivo para turismo de negócios, porém outros países possuem tradições muito fortes, e não são receptivos com pessoas que vem de fora para negociar, por isso é importante estar preparado para diferentes culturas.
Além disso, os países possuem diferentes objetivos ao realizar uma negociação, como: competência, preços competitivos, relações duradouras, integração com a cultura. Por isso, é necessário entender qual é o pensamento do país cujo a negociação será feita.
A cultura também é capaz de transformar uma operação logística inteira, um ótimo exemplo disso, são alguns frigoríficos paranaenses que exportam para países árabes. Para concretizar a negociação, os importadores exigem que os frangos sejam abatidos de um modo indolor em um local voltado para meca e com frases religiosas em placas no local de abate. Nesse caso, a religião interfere na estrutura do exportador.
Os modais de transporte também podem ser influenciados, alguns países preferem o transporte ferroviário, enquanto outros não possuem malha ferroviária por problemas econômicos.
Algumas culturas, como a alemã e a inglesa, são rígidas com prazos e horários. Já em outras tradições atrasos são considerados normais, gerando uma demora maior nos embarques das cargas e nas emissões das documentações. Nesse caso, é um fator de costumes ou até a infraestrutura do país pode influenciar.
Diferentes culturas possuem diferentes formas de pagamento também. Algumas culturas costumam barganhar pelo melhor preço, outros preferem a qualidade do produto e não se importam tanto com o preço. Outro fator que a cultura influência é no frete internacional, alguns agentes internacionais negociam o pagamento do frete após o embarque (COLLECT), porém outros apenas aceitam o pagamento antes do embarque (PREPAID) como forma de garantir o pagamento.
Existem países que possuem dificuldades em entender e cooperar com burocracias externas, muitas vezes documentações especiais em embarques internacionais são necessárias e há uma enorme dificuldade da emissão correta dessas documentações. No comércio internacional isso pode gerar um efeito cascata, complicando toda a operação logística e gerando ainda mais burocracias. Os casos mais comuns de documentações que chegam no Brasil de forma incorreta são: invoice, conhecimento de embarque, certificado de origem e documentos sem assinatura.
Exportadoras de determinados países não possuem ciência que é proibido o envio de amostra sem a declaração, e enviam amostras do seu produto junto com a embarcação, gerando um sério problema no Brasil com divergência de peso e valores entre carga e documentações. E assim como nos casos das amostras, alguns países querem agradar o comprador e declaram um valor menor do que o correto da mercadoria, como forma de oferecer um desconto, porém essa prática é considerada fraude e o importador no Brasil pode pagar uma multa de 100% da diferença apurada, além de poder ter suas atividades suspensas no comércio exterior.
O exportador é o responsável por emitir as documentações, porém muitas vezes, as documentações faltam informações ou possuem informações erradas. Os importadores podem perder os benefício se não houver certificado que ateste a origem da carga e muitas vezes os documentos originais são recebidos sem assinaturas.
Conclui-se que a adaptação e respeito às barreiras culturais são um fator essencial para toda a cadeia logística fluir corretamente, pois pode influenciar em diversos setores do comércio internacional.
por Helmuth Hofstatter, CEO e fundador da LogComex, startup de inteligência e automação para logística internacional