Os 10 princípios do tubarão das franquias


José Carlos Semenzato, sócio-fundador do grupo SMZTO e jurado do Shark Tank Brasil (Crédito: Divulgação)

Um dos protagonistas do programa Shark Tank, do canal Sony, o empresário José Carlos Semenzato notabilizou-se como um dos maiores nomes do franchising nacional. Fundador do Grupo SMZTO, private equity que mantém investimentos em 15 redes de franquias – dentre elas, OdontoCompany, Espaçolaser, Terça da Serra e Oakberry –, o tubarão defende o modelo de franchising como uma alternativa mais segura para os empreendedores de primeira viagem.

Afinal, ao investir em uma franquia, em vez de precisarem construir um empreendimento do zero, os novos empresários apostam em um negócio já testado, aprovado e consolidado no mercado. Além disso, desde o momento da implantação da unidade contam com todo o suporte da franqueadora em todas as áreas relativas à operação do negócio – treinamento, gestão, finanças, marketing, logística, etc.

Mesmo assim, adverte Semenzato, para ser bem-sucedido os empreendedores de primeira viagem precisam ser determinados e disciplinados. A seguir, confira 10 dicas do tubarão para quem pretende investir em uma franquia:

1. Tenha cautela antes de assinar qualquer contrato

Antes de assinar contrato com uma franqueadora, o foco total do investidor deve ser no seu plano de negócios e nas visitas a franqueados novos e maduros da rede escolhida. Será nesses contatos que ele irá obter informações relevantes para que se sinta seguro em prosseguir.

O candidato a franqueado precisa buscar um franqueador com excelente reputação, que cumpra o que é prometido. Uma vez que vários anos foram investidos na testagem do negócio, pedras foram retiradas do caminho, processos foram criados e campanhas de marketing foram executadas, gerando serviços ou produtos desejados pelo mercado consumidor. Mas se, ainda assim, os atuais franqueados da rede não estão satisfeitos, talvez seja um sinal de alerta para que o potencial franqueado reveja sua intenção de investir naquela marca.

2. Não dê um passo maior do que a perna

O candidato precisa necessariamente ter o capital exigido para executar o plano de negócios. Neste ponto, não pode haver improviso. “Rotineiramente, deparamos com candidatos à franquia que dizem ter o capital, mas na verdade, na hora da execução, percebem que o dinheiro ficou curto”, diz Semenzato. “Esse pode ser um erro fatal, que muitas vezes pode inviabilizar a implantação de forma plena do negócio”.

3. Invista em uma área com a qual tenha afinidade

Ao se escolher uma rede de franquias, o primeiro ponto a ser analisado é a afinidade do candidato com o ramo do negócio. Se você não gosta de trabalhar aos finais de semana e feriados, talvez uma franquia que funcione em shoppings não seja para você. Então, antes de mais nada, tenha certeza de que o segmento de negócio no qual pretende investir é algo com o qual você tenha algum nível de afinidade.

4. Se esforce: metade do seu sucesso depende de você

Em geral, a franqueadora precisa ter um negócio testado e desejado pelo mercado. Isso somente se consegue colocando o projeto para rodar em fase de piloto para, depois, começar a franquear. Ou seja, quando um negócio se torna franquia ele deveria já estar consolidado. Desta forma, costumo dizer aos investidores que, ao adquirir uma franquia, eles compram 50% do sucesso. Os outros 50% dependerão de sua capacidade e do seu empenho na implantação do negócio.

O resultado desse esforço do franqueador em entregar essa cesta de serviços faz com que o franqueado tenha, na largada, 50% de chances de sucesso, ficando os outros 50% na dependência do seu empenho e de sua equipe na aplicação de todos os manuais recomendados pela marca. “Por isso, o sistema de franchising cresce tanto no mundo – por diminuir substancialmente os riscos para o franqueado”, afirma Semenzato.

5. Seja dedicado e disciplinado

Outro aspecto a considerar é capacidade de o empreendedor seguir os manuais operacionais da franquia. Parece simples, mas muitos candidatos não possuem a disciplina de abraçar fielmente o que o franqueador recomenda. Assim, tentam criar novos modelos de gestão do negócio, quebrando a cara na maioria das vezes para depois descobrirem que o segredo estava no know-how do franqueador que eles haviam negligenciado.

Além disso, o candidato precisa estar disposto a dedicar o tempo necessário à gestão do negócio e à busca de resultados. “É algo que também parece simples, mas que muitas vezes é não é levado a sério”, explica Semenzato. “Não se pode cuidar de um negócio nas horas vagas”.

6. Busque a excelência

Semenzato costuma dizer que foi o maior vendedor de coxinhas da história de Lins, cidade onde se criou, no Interior Paulista. Também se vê como o melhor copiador de Xerox, além do mais competente programador de computadores e do melhor professor de computação do município. “Sei que não transpareço nenhuma modéstia quando compartilho essas percepções”, diz o empresário. “Mas o fato é que eu realmente acredito nisso. E, independentemente de tais títulos serem verdadeiros ou não, o importante é o empreendedor ter a noção de que precisa perseguir a perfeição em tudo o que fizer. Em qualquer área – e não apenas no empreendedorismo –, quem sonha em vencer precisa, permanentemente, buscar a excelência”.

7. Divida para multiplicar

Quando fundou a rede de cursos profissionalizantes Microlins, mesmo sem conhecer o mundo do franchising, Semenzato se uniu a alguns sócios já no primeiro ano do negócio. “Intuitivamente, algo me dizia que a ideia de dividir as responsabilidades e colocar mais pessoas para sonharem a missão da empresa facilitaria a minha jornada, principalmente nos quesitos capitalização e aceleração do empreendimento”.

Por uma questão estratégica, escolheu um sócio na região de Marília. Depois, outro na região de Bauru. Na sequência, um em Araçatuba. E, logo depois, outro em São José do Rio Preto, completando entre 1991 e 1994 um total de 17 escolas em um raio de 120 quilômetros em torno de Lins.

“Ao oferecer 50% para esses sócios operadores nas unidades regionais, consegui capitalizar melhor o negócio com novas injeções de recursos”, conta o tubarão. “Ao mesmo tempo, ganhei sócios operadores dispostos a desbravarem com maior velocidade o mercado. A ideia deu muito certo, sem dúvida alguma”.

8. Forme equipes com pessoas tão boas ou melhores do que você

Depois de consolidar sua carreira como empresário, Semenzato estabeleceu a meta de formar times com profissionais melhores do que ele. “Desta forma, acreditava que poderia ampliar meu raio de atuação, liderando pelo exemplo, me dedicando mais a assuntos estratégicos e abrindo espaço para novos talentos na gestão dos meus negócios”, conta o empresário. “Penso que o mundo seria bem melhor se todos os líderes empresariais exercitassem a formação de pessoas, preparando-as para tomarem o seu lugar em algum momento. O problema está no fato de a maioria dos empresários bem-sucedidos não formar novos líderes, não transmitir conhecimentos e, desta forma, não aparelhar os promissores talentos para assumirem papéis de protagonismo na gestão de seus respectivos empreendimentos”.

9. Nunca se acomode

Engana-se quem acredita que donos de negócios consolidados e pujantes podem acomodar-se com tudo o que já tenham eventualmente conquistado. “Creio que a ânsia de buscar novas conquistas e a disposição de aprender sempre mais estão entre os principais segredos do sucesso no empreendedorismo”, diz Semenzato. “Por isso, não se acomode. À medida que os desafios e metas forem sendo atingidos, estabeleça novos alvos”.

10. Mantenha a mente aberta

Semenzato deixa claro para quem o procura em busca de orientação: ter a mente aberta para o novo faz parte do DNA do empreendedor de sucesso. “No empreendedorismo, a vontade de aprender é ingrediente fundamental para que se consiga acompanhar as tendências de cada segmento. Trocando em miúdos, aprimorar-se constantemente é adaptar-se em tempo real às novas exigências do mercado e, com isso, não apenas sobreviver, mas até mesmo antever movimentos e desta forma caminhar à frente dos concorrentes”, argumenta. “Em um cenário tão competitivo como o atual, qualquer que seja o setor econômico em que se atua, ou você se adapta ou estará fora do jogo”.

Por fim, o tubarão acrescenta uma dica extra, tão importante que poderia ser o primeiro item da lista. Mas fica aqui, como um fechamento. “Tem uma coisa que carrego comigo desde quando vendia coxinhas em Lins: ninguém vende absolutamente nada com tristeza. Não se consegue vender algo com melancolia, com cara de choro, com tristeza. Então, a primeira coisa a se fazer quando se sai de casa é externar a felicidade, estar com um sorriso sempre aberto”, garante Semenzato. “Ser feliz, para mim, é o primeiro requisito para alguém se tornar um grande vendedor. Esta é uma das lições que procuro repassar aos empreendedores em começo de jornada. Ser otimista – ainda que contra todas as evidências – e perseguir os resultados de forma incansável são bons caminhos para fazer com que as coisas melhorem para o seu negócio. Sorrir para o cliente – e, indiretamente, para o futuro – é essencial para que o amanhã seja melhor do que o hoje, tanto na vida pessoal como na profissional. Então, sorria no presente para poder gargalhar no futuro”.