Em alta, nesta segunda-feira, 18 de março, o Ibovespa atingiu 100 mil pontos e bateu recorde histórico. Mas, do ponto de vista do investidor, o que esse marco representa?
Em primeiro lugar, o Ibovespa nada mais é que a sigla de Índice da Bolsa de Valores de São Paulo, ou seja, é um indicador do desempenho das ações negociadas na Bovespa que geralmente reflete o tamanho e liquidez das empresas. É como uma “carteira teórica” das companhias listadas na bolsa.
Se partimos de uma análise de um ponto de vista mais realista o marco de 100 mil pontos não reflete o recorde do índice. Isso porque se “dolarizarmos”, o recorde teria sido atingido há mais de 10 anos. Com o dólar a R$ 1,60, os 72 mil pontos de 2008 à época representavam muito mais que os 100 mil pontos batidos na data de hoje. Então, de um ponto de vista real, não estamos na máxima dolarizada, mas dos pontos em reais no Brasil.
No atual contexto, nem todas as ações estão na máxima, mas muitas vem atingindo patamares históricos no mercado. Várias ações de qualidade têm atingido máximas há muito tempo. Empresas de alta qualidade vem performando melhor mesmo em anos de desafio para a economia brasileira.
Por esse motivo, um segundo ponto é de alerta: a ações brasileiras estão ficando mais caras. Múltiplos não negociados com os mesmos descontos de dois ou três anos atrás. E, o que isso significa?
Se você não tem experiência na bolsa e está pensando em entrar, entre, mas com cautela. Os Valuations não estão caros, mas não operam nos mesmos patamares que há dois ou três anos atrás. É muito possível que a performance do índice nos próximos anos não seja o mesmo dos anteriores quando a Ibovespa estava nos 38 mil pontos. Hoje esse número o dobrou, o que significa que boa parte das empresas da bolsa também se valorizaram nesses patamares de lá para cá.
Eu acredito que isso não vai se repetir no futuro. Isso não significa que as ações não vão se valorizar. Elas têm muito para crescer principalmente se algumas reformas que o Brasil precisa forem realizadas e eu acredito nesse cenário. Mas, por essas e outras eu defendo que você seja seletivo.
E o que é ser seletivo nesse contexto? Vale evitar a compra de empresas que estão no seu múltiplo na máxima histórica ou que estão sendo negociadas a mais de 20 vezes o lucro. Essas são algumas características que eu evitaria nesse momento.
Dito isso acredito que as ações serão os melhores investimentos dos próximos anos para quem tem pensamento à longo prazo e para aposentadoria, principalmente com um cenário de juros baixos. Quem busca rentabilidade vai ter que ir para os ativos de mais volatilidade como são as ações e fazer o mesmo que quem busca rentabilidade já faz ao redor do mundo .
por Tiago Reis, CEO da casa de análise financeira Suno Research