Com a volatilidade no mercado financeiro e os efeitos econômicos da pandemia em diversos setores, os Fundos de Investimentos Imobiliários tiveram a sua queda – também expressiva, assim como as ações da Bolsa de Valores -, mas com uma boa recuperação. Segundo o assessor de investimentos, especialista no ativo, e sócio da Allez Invest, Frederico Loss, o principal motivo da recuperação dos FIIs está na constante queda da taxa básica de juros e no aumento do número de investidores pessoa física na B3.
No ano passado, o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) apresentou uma alta de 37%, e a performance do ativo neste ano, para o mercado financeiro, seria ainda mais expressivo, se não fosse a crise global. “Estamos em uma era de juros baixos, nunca visto no mercado brasileiro, isso faz com que os investidores saiam da renda fixa e busquem ativos com ganhos melhores no mercado financeiro, como ações e FIIs. Além disso, os juros nesse patamar facilitam o crédito para as empresas e traz mais possibilidades de financiamentos para o consumidor”, relata Loss. Em um cenário em que a Selic está a 2,25% ao ano, os FIIs, segundo o especialista, chegam a rentabilizar mais que os ativos de Renda Fixa, apenas no pagamento dos dividendos. “Hoje um produto, como Tesouro Selic, que paga 100% do CDI, entrega 0,15% ao mês liquido de Imposto de Renda, disputa espaço com os FIIs, que pagam, em média, 0,5% ao mês só de dividendos, também isentos de IR, e o investidor ainda pode ganhar com a valorização das cotas”, ilustra.
E é nesse cenário, que o número e investidores em Fundos Imobiliários atingiu 818 mil pessoas físicas, em abril de 2020, cerca de 3,4% a mais que no mês anterior, e contabilizou um aumento, desde o início do ano, de 29,4%. “Mesmo com um crescimento mais tímido em abril em relação aos primeiros meses do ano, os FIIs são uma classe de ativos que estão no interesse dos investidores em renda variável”, acrescenta o sócio da Allez Invest. Esse é um tipo de investimento para o perfil moderado a agressivo e, por isso, os FIIs tiveram uma queda nos primeiros meses do ano, principalmente em março, mas que já esboçando uma recuperação da pandemia. No acumulado do ano, os fundos tiveram uma queda de 13%, seis pontos percentuais a menos que o Ibovespa, que está com 19% de queda.
Cenário político-econômico
Como qualquer ativo do mercado financeiro, ele é impactado diretamente por qualquer ação político-econômica do país. E foi em um cenário de grande redução da taxa de juros, que desde 2016 baixou de 14,25%, para 2,25% ao ano, que intensificou a demanda por títulos voltados para construção e desenvolvimento de imóveis. Essa procura teve uma queda no estopim da pandemia, mas que, de acordo com Frederico Loss, voltarão ao cenário como uma forma de recuperação da economia brasileira. “O mercado da construção civil emprega muitas pessoas e gera renda de diversas formas, por isso, geralmente é um setor muito visado, que acompanha a recuperação econômica de um país em desenvolvimento”, finaliza.