Open banking, enfim, vira uma realidade brasileira


Fazer movimentações financeiras por canais digitais já era uma forte tendência para o setor antes mesmo da pandemia de Covid-19. Com a propagação do novo coronavírus em todo o mundo, tornou-se uma questão estratégica: com a quarentena em grande parte do país, é recomendado cuidar de sua vida financeira sem sair de casa. Agora, para estimular ainda mais essas facilidades e promover a inovação em uma área ainda sedenta por novidade, o Brasil finalmente caminha para implementar o open banking em seu sistema financeiro, oferecendo segurança, transparência e comodidade não só aos players, mas aos clientes e a todos os outros setores da economia.

A proposta permite que o usuário possa compartilhar seus dados da forma como quiser com a instituição financeira de sua preferência. Assim, não apenas os grandes bancos detêm a informação e o histórico da vida financeira das pessoas, mas também outras empresas, como fintechs e plataformas de crédito. Isso leva ao aumento na oferta de serviços financeiros e gera concorrência saudável no mercado, não apenas no preço, mas na qualidade. No Brasil, após muito debate entre empresas, sociedade e poder público, o open banking foi regulamentado pelo Banco Central em maio de 2020. O processo de implementação vai começar em 30 de novembro deste ano, com previsão para terminar em outubro de 2021.

É uma necessidade que se evidencia ainda mais com a pandemia de Covid-19 e os novos hábitos do comportamento do consumidor. No mundo pré-pandemia, a grande maioria das empresas já possuía uma base fiel de clientes, que confia em seus serviços. Agora, a possibilidade de ampliar o leque de serviços por meio do open banking torna-se importante estratégia de crescimento. A transformação digital já é uma realidade e remodelou a forma como as pessoas se relacionam com o dinheiro. Pagar contas, fazer transferência e pedir crédito sem sair de casa vai ser o “novo normal”, e os empreendedores têm a possibilidade de conversar com esse público bastante específico que, na maioria das vezes, não recebe a devida atenção do sistema financeiro tradicional.

No caso do varejo brasileiro, há três vantagens que as APIs (interface de programação de aplicações, em inglês) podem proporcionar. O primeiro deles é a criação de uma nova fonte de receita, ou seja, amplia-se a oferta de serviços oferecidos ao cliente final, como abertura de contas, transferências e pagamentos sem a necessidade de estar vinculado a algum banco. Há também maior eficiência operacional, com contratações de serviços de TED ou produtos com custo menor do que o oferecido no mercado. Por fim, o aumento no índice de fidelidade com a criação de um ecossistema one-stop-shop, isto é, um único local em que a pessoa faz as compras e, ao mesmo tempo, cuida de sua vida financeira.  

Evidentemente, por se tratar de uma situação nova, é necessário planejar todos os passos. O maior desafio de qualquer sistema financeiro é aumentar a eficiência e a velocidade sem sacrificar a segurança da informação – com tecnologia e regulação como aliados, os entraves são mínimos e o sucesso é inevitável. A boa notícia é que, no caso brasileiro, o Banco Central está com uma atuação excelente, de caráter bastante cooperativo com os agentes de mercado e, principalmente, focado na disrupção saudável que pode trazer ganhos infinitos ao usuário final.  

open banking surge para reforçar ainda mais o compromisso dos agentes de mercado com os quesitos de segurança da informação financeira de todos. Como estamos falando de uma maior abertura tecnológica, há novos processos e ferramentas que surgem para acompanhar essa evolução. Em suma: é algo que acompanha a própria transformação do mundo em que vivemos. Estimativa da consultoria PwC mostra que esse conceito deve gerar mais 7,2 bilhões de libras esterlinas em receita até 2022. Agora que o Brasil finalmente deu esse primeiro passo importante, cabe a todos aproveitarem o novo momento do mercado financeiro.

por Davi Holanda é CEO da Acesso Soluções de Pagamentos, empresa brasileira líder em serviços financeiros, emissão, processamento e gestão de cartões pré-pagos