Giovanna Moraes lança seu debute ‘Àchromatics’ apostando na experimentação


Giovanna Moraes (Crédito: Giulia Paulinelli)

Em seu livro coletânea de resenhas, entrevistas e divagações, Mondo Massari, o jornalista Fábio Massari dedica boas páginas à Frank Zappa, lendário músico norte-americano de quem o autor é assumidamente um grande fã. Numa delas, Massari coloca: “…em tempos de hibridismos quase inclassificáveis, sua obra, ainda em movimento, continua a impressionar por seu volume assustador e impensável nos dias de hoje e, claro, por sua proposta radicalmente autoral de subversão de convenções, gêneros e sistemas. É de se imaginar o que o sublime guitarrista de Baltimore estaria fazendo hoje em dia com as traquitanas tecnológicas disponíveis”.

Muita coisa, de certo. A previsão impossível de Massari faz sentido, ainda mais se a obra deixada por Zappa , morto em 1993, for analisada a partir de seu potencial influenciador. Virtuoso e revolucionário, Zappa não foi um músico de seguir regras e talvez esse tenha sido um de seus maiores legados. Uma herança sabiamente incorporada pela cantora e compositora paulista Giovanna Moraes, que lançou no último mês de Março seu inclassificável debute Àchromatics.

E isso não vem do nada. Em seu comunicado à imprensa, a cantautora coloca o icônico músico como uma de suas referências, ao lado de outras potências como Fiona Apple, Tom Zé e Ella Fitzgerald.

Com uma sonoridade construída a partir da escala cromática, Giovanna comenta sobre suas escolhas sonoras: “Sons distópicos sempre foram minha praia: melodias suspensas que torturam, porém emocionam. Conectando as notas de meio em meio tom, tudo é possível, não existem regras ou limitações tonais. Não existe essa história de certo ou errado, só existe o percurso e as explorações emocionais que ligam um momento ao próximo, nessa grande espiral que é a vida”, reflete a artista.

São 10 canções próprias nas quais Giovanna abusa do jazz, do rock e da experimentação em doses diferentes, combinando tudo isso à sua própria voz, que segue numa orgânica improvisação, cheia de altos e baixos. As letras, de essência introspectiva, mesclam aflições pessoais com pressões externas, dando a impressão de que em suas composições Giovanna se liberta de todas essas amarras, convidando o(a) ouvinte a acompanhá-la neste processo também.

“Todos os dias a gente se coloca metas e planos que nem sempre conseguiremos realizar. Ou que faremos de outro jeito, diferente do que desejamos. Minha música traz isso, essa possibilidade de mudança constante, como algo orgânico e vivo que se modifica a partir de nossas memórias. Se cada um que me ouvir também se deixar mudar, também se permitir a viver essas inconstâncias, acho que já terá valido muito a pena”, reflete Giovanna.

Produzido ao longo de 2017 por Thommy Tannus (Tannus Estúdio) em São Paulo (SP), Àchromatics teve como banda de apoio os músicos Renato Lellis (bateria), Lucas Cornetta (baixo) e Thommy Tannus (guitarra). O guitarrista Gustavo Manzan faz uma participação especial na faixa “Such Perfection”. Ouça abaixo: