Toda vez que chega perto do seu aniversário penso um pouco mais em Jack. Mas você já conhece Kerouac?
Agora é sua chance de embarcar nessa viagem.
Jack, franco-canadense, perdeu o seu irmão Gerard com nove anos e estudou na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Até que ele conhece Neal Cassady, aí que a historia interessante começa. Tanto que, esse encontro é o começo do livro mais famoso de Jack: On the Road, considerado “A Bíblia Beat”, o livro conta de como a vida de Jack (no livro usando o pseudônimo Sal Paradise) através de viagens, encontros e experiências, saiu do status quo e se tornou inspiradora. Sendo assim a famosa “prosa espontânea”, em que ele nos poupa muitas vezes de pontos e vírgulas e contando de uma ação em cima da outra, como se realmente estivéssemos ali, na estrada com ele.
Mas Jack não para por aí.
Acho que a tentativa de Jack era registrar tudo que fosse possível(incluse os seus sonhos emO Livro dos Sonhos), e como ele mesmo diz, essas historías são muito boas para não serem contadas. Em livros como Satori em Paris, Os Vagabundos Iluminados, Viajante Solitário e Os Subterrâneos ele nos conta sobre outras viagens, a importancia de ficar sozinho e conhecer a si mesmo… E até a importância de ler livros.
“Pessoas isoladas ficam famintas por livros”
E eu até diria mais, se você leu um livro do Kerouac e gostou, ficará faminto por mais livros escritos por ele. O poder com que, através da prosa espoantânea, nos aproximamos do personagem é simplesmente incrivel! E ele ainda nos delicia mais ainda quando “resolve” escrever prosa poética: Os Subterrâneos. Resolve entre aspas porque essas coisas não eram simplesmente planejadas, elas aconteciam com Jack e ele passava para o papel. O puro sentimento do momento consegue ser passado por Jack Kerouac. [SPOILER ON] No final deOs Subeterrâneos ele simplesmente nos diz: “E eu vou para casa (…) e escrevo esse livro”. [SPOILER OFF]
Além dos livros já citados podemos encontrar Cidade pequena, Cidade Grande, primeiro romance de Jack; Anjos da Desolação; Visões de Cody, considerado a obra-prima do autor e até alguns diários. E em 2012 tivemos o lançamento do filme On the Road, dirigido por Water Salles e como grande fã do livro de Jack, não deixou a desejar.
Sempre que falo de Kerouac, gosto de definir dois pontos importantes: On the Road e Big Sur. E a dica é: Não leia Big Sur antes de ter lido On the Road. No primeiro vemos a juventude, no segundo vemos Jack um pouco mais velho, com uma maturidade diferente e algo que sempre me emociona é o recado que Jack nos deixa logo no começo:
“Minha obra encerra um livro de vastas proporções como o de Proust, com a diferença que as minhas memórias são escritas na corrida em vez de mais tarde doente numa cama. Por conta das objeções das minhas editoras eu não pude usar o mesmo nome para o mesmo personagem em obras diferentes. On the Road, Os Subterrâneos, Os vagabundos Iluminados, Doctor Saz, Maggie Cassady, Tristessa, Desolation Angels, Visões de Cody e os outros, incluindo este Big Sur, são apenas capítulos na grande obra que eu chamo de A lenda de Duluoz. Na minha velhice, pretendo juntar toda a minha obra e reinserir meu panteão de nomes regulares, encher a prateleira de livros e morrer feliz. Tudo isso forma uma enorme comédia vista pelos olho do pobre Ti Jean (eu), também conhecido como Jack Duluoz, o mundo de ação frenética e loucura e também de gentil doçura vista pela fechadura de seu olho.”
Muitas vezes que leio algo sobre Kerouac sempre diz sobre o uso de drogas, alcool e essas coisas que foram meio “consequências” para a sua morte. Mas por outro lado, penso que escritores bons vão sobreviver até que seus livros sejam esquecidos, então para mim Kerouac continua bem vivo, ainda mais porque não o conheci por completo ainda. Mas o que já conheci mudou a minha maneira de ver o mundo e minha vida em si. E se minha experiência com o autor foi tão forte, por que não compartilhar isso com todos e assim, talvez, vocês possam sentir algo parecido?
Pois é, não consigo falar de Kerouac sem ser pessoal. Escritores que você conhece muito até parece que se tornam íntimos.
Então, assim como Eduardo Bueno (tradutor de On the Road) em seu posfácio no mesmo, acho que “só o que tenho a dizer é: Thanks Jack”.