Estudo aponta 42 tendências e seus impactos no futuro do trabalho


A Cognizant, uma das empresas líderes mundiais em tecnologia e negócios, apresenta um estudo com 42 tendências sobre o futuro do trabalho. O levantamento contém análises e insights coletados nos 10 anos de trabalho do Center for the Future of Work (CFoW – Centro para o Futuro do Trabalho) da empresa. As tendências foram divididas em cinco categorias: mudanças nos modos, nas ferramentas, na estética, nos desafios e no significado do trabalho.

“A ideia do estudo era demonstrar como a tecnologia teve e continua tendo impactos contundentes no mercado de trabalho. Os humanos serão cada vez mais necessários. Não para tarefas repetitivas, mas para dar um direcionamento crítico e criativo para os insights que os bots nos trarão”, afirma João Lúcio de Azevedo Filho, presidente da Cognizant no Brasil.

Modos de trabalho

De hierarquia para “wirearquia”: Apesar de terem sido importantes, as hierarquias não pertencem a um mundo colaborativo. Aí entram as “wirearquias”, um modelo de organização baseado em auxílio mútuo e confiança. O futuro da estrutura organizacional está em equilibrar esses dois modelos.

De cargos para tarefas: Nossas profissões são um pedaço de nossa identidade. Contudo, o futuro do trabalho requer que as profissões sejam pensadas de maneira mais fluida, aceitando mudanças e reinvenções. Isso quer dizer que cargos estão sendo desconstruídos em tarefas, que são a forma mais sustentável de lidarmos com a força de trabalho homem-máquina.

De segunda a sexta para segunda a quinta: A jornada de trabalho de 40 horas distribuídas em cinco dias ao longo da semana é fruto da Primeira Revolução Industrial. Mas agora o trabalho pode ser realizado a qualquer hora, de qualquer lugar. E a tendência é que o fim de semana passe a contemplar a sexta-feira também.

De assistentes para robôs assistentes: Os assistentes facilitam o trabalho daqueles em posições de liderança. Mas esses profissionais poderiam ter profissões mais rentáveis e produtivas. Dessa forma, os robôs não vão roubar empregos, mas sim facilitar o trabalho. O novo assistente funcionará com zeros e uns, não com café.

De comprar para alugar: Os custos de comprar são maiores do que a ideia de comprar. A ligação entre riqueza e posses está diminuindo. E logo será desfeita. Embora a ideia de posse tenha sido um dos pilares do mundo moderno, a tendência é de mudança. Possuir bens não é mais tão sedutor assim para os jovens que estão entrando no mercado.

De robôs maus para robôs bons: Uma ideia disseminada pelo imaginário popular é a de que os robôs fazem muitas coisas boas, mas também podem fazer coisas muito ruins. De quem é a culpa? Nossa! Bots mal programados só podem ser corrigidos por humanos. Ou seja, bons humanos ainda são necessários para desenvolver bons bots.

Ferramentas de trabalho

Do polegar para a voz: Pode ser a era digital, mas o ato de digitar é cada vez mais supérfluo. Seus gadgets são capazes de ouvir tudo que você fala agora. Com isso, a tendência é cada vez menos digitar e cada vez mais utilizar os comandos por voz.

De microscópios para datascópios: Tal como os microscópios mudaram a medicina, a inteligência artificial é um datascópio que trará soluções antes inimaginadas. A IA, assim como outras ferramentas, não substituirá as pessoas, mas sim permitirá que façamos coisas incríveis.

De programação a (quase) sem programação: Os softwares estão engolindo o mundo – incluindo outros softwares. Por isso, plataformas que requerem pouco ou nenhum conhecimento de programação estão democratizando a maneira com que sistemas empresariais são desenvolvidos, utilizados e expandidos.

Da insegurança para a segurança: Estamos às vésperas de uma transformação em que a tecnologia será o aspecto central da sociedade moderna. Portanto, as empresas não devem hesitar em investir em cibersegurança. Quadruplicar o investimento atual é um bom começo.

De petaescala para exaescala: O Eniac, primeiro computador a ser comercializado, completou 74 anos. Mas não vimos nada ainda. O futuro do trabalho será baseado na exaescala – um sistema computacional capaz de realizar um quintilhão de cálculos por segundo.

Do 4G para o 5G: O advento do 5G vai acelerar a transmissão de dados ante as redes 4G. O próximo espectro de banda larga será a fase seguinte da revolução digital. E a fusão do 5G com a inteligência artificial vai aumentar a escala da Internet das Coisas.

Da inteligência artificial para o machine learning: As aplicações comerciais da IA e do ML estão trazendo grandes retornos financeiros. Os filmes de Hollywood com robôs inteligentes malvados são uma miragem. Mas modelos de negócio baseados em machine learning serão uma realidade.

Do centralizado para o descentralizado: A tecnologia moderna deu mais ferramentas de centralização e controle para pessoas, governos e sociedades. Mas são as expressões descentralizadas que fazem as democracias liberais. A descentralização – se feita da maneira correta – será o antídoto para a polarização na era digital.

Do desenvolvimento de software para engenharia de software: O maior desafio dos desenvolvedores de software hoje em dia é conseguir acompanhar a velocidade com a qual o mercado muda. É o fim da programação como a conhecemos. A engenharia de software fará com que o desenvolvimento de programas acompanhe a economia digital.

Do bit para o qubit: O futuro é muito mais do que números binários. O futuro da sociedade e da inteligência artificial está no qubit – a base da computação quântica.

De cloud para edge computing: A IoT pôs fogo na definição de cloud computing. A nuvem sobrecarrega a distribuição de computadores, mas a próxima parada está nas beiradas da rede. A mudança de cloud para edge computing vai acelerar e virtualizar o mundo em níveis sem precedentes.

Da internet para a splinternet: A internet como uma vila global está se dividindo em tribos locais da splinternet conforme países aplicam diferentes regulações em seu funcionamento. A internet como conhecemos está morrendo.

De smartphones para smartdevices: Aplicativos, plataformas, sistemas e websites fazem parte do nosso cotidiano. Você não precisa aprender como a tecnologia funciona. Você precisa aprender como trabalhamos e vivemos com ela.

Do servidor para o contêiner: A arquitetura cliente/servidor foi padrão por muito tempo. Agora esse modelo está sendo desafiado pelo surgimento de softwares de visualização que redefinem o que é um servidor. Contêineres estão substituindo componentes de hardware por códigos.

Estética do trabalho

Do terno para o capuz: Os ternos não combinam mais com essa nova era de disrupções. Os softwares comandam o mundo dos negócios agora, e os ternos caindo em desuso foi só dano colateral.

Do cubículo para o sofá: Atualmente, conseguimos trabalhar de qualquer lugar com um computador, celular ou tablet: num café, no saguão de um aeroporto, num quarto de hotel e até mesmo em um escritório. Nossos cubículos serão extintos.

Do subúrbio para a cidade: Antes isolados tecnologicamente, os subúrbios urbanos agora estão florescendo. Procurando pela Quarta Revolução Industrial? Ela está lá.

De vidro e aço para tijolos e madeira: Novas ideias vêm de prédios antigos. Ambientes legais não são apenas aqueles feitos de vidro e aço. Prédios antigos estão sendo rejuvenescidos para abrigar empresas desenvolvendo novas tecnologias.

De “originals” para “digit-alls”: No mundo da TI, os “originals” cuidam da parte de infraestrutura, enquanto os “digit-alls” desenham os aplicativos e plataformas que dominarão o mundo. Os primeiros ficarão até toda a carga de trabalho de infraestrutura do mundo ser automatizada. Os segundos ficarão até saírem de moda.

Desafios

De “ver” para “tome cuidado com o que vê”: A manipulação digital está fazendo com que questionemos o que é real e o que não é. Os deepfakes também são um perigo no mundo digital.

De “somos todos um” para “todos somos um”: A personalização da tecnologia está acabando com a crença de que todos temos uma identidade em comum. Com a chegada da realidade virtual, a tendência é que cada um viva sua realidade de forma cada vez mais pessoal.

De “wi-fi grátis” para “sem wi-fi”: Ficar conectado o tempo todo está deixando todos malucos. Por isso, espaços sem wi-fi vão restaurar a calma e a sanidade de nossos cérebros confusos.

De “a privacidade morreu” para ” vida longa à privacidade”: Assinar newsletters e fazer testes on-line pode ser divertido, mas as pessoas estão começando a questionar se vale a pena trocar seus dados por isso. As grandes empresas de tecnologia estão na mira da sociedade por conta de problemas com a privacidade do usuário. Não, a privacidade não morreu ainda.

De humano para ciborgue: Hoje, nós acessamos as informações por meio de nossos gadgets. No futuro, todas as respostas serão enviadas diretamente para nossas mentes. Nossos avós acham que já somos super-humanos, mas seremos simplórios perto de nossos netos. Estamos nos transformando em ciborgues, e as gerações futuras terão curiosidade para saber como era ser um humano pré-tecnológico.

Significado do trabalho

De “cuidado com a língua” para “desembucha!”: Estamos eliminando as formalidades. Prepare-se para ficar chocado. A necessidade de sermos cada vez mais autênticos causará o fim da conversa fiada.

De #sextou para #segundou: Você saberá que o futuro do trabalho chegou quando se sentir motivado em uma segunda-feira. Esqueça o medo de os robôs tomarem todos os nossos trabalhos. Pode ser que o que nos torna humanos seja o trabalho em si.

De serviços para experiências: A não ser que você seja um gamer ou um influencer, você se desenvolveu em uma carreira na área de serviços. Mas o que vem depois? Prepare-se para a era das experiências. Tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual, inteligência artificial e cross reality vão abrir as portas para a criatividade e experiências imersivas.

De uma carreira para várias: O mindset de ter apenas uma carreira está virando um problema. O crescimento da automação e da IA fará com que o modelo “educação-emprego-carreiras” fique obsoleto. Há mais de um caminho para o sucesso – você pode só precisar de mais de uma carreira para alcançá-lo.

Do vermelho para o verde: Energias renováveis. Reciclagem. Transporte público. É o encontro do capitalismo com o conservacionismo. Ainda bem que várias tecnologias estão mudando a percepção do público em relação à sustentabilidade, fazendo com que ideias ecológicas de negócio sejam cada vez mais possíveis. A sustentabilidade finalmente faz sentido (e dinheiro).

Da produção privada à produção individual: Prototipações rápidas e produções velozes abrirão para bens personalizados feitos pelo próprio usuário. As produções individuais são a alternativa ecológica para a manufatura e o varejo.

Da reciclagem para a economia circular: Há mil anos, os japoneses produziram o primeiro papel reciclado. Mas precisamos pensar em novas abordagens. A sustentabilidade está completando seu ciclo, e, na economia circular, todo dia é o Dia da Terra.

De informação grátis para informação paga: A onda das informações públicas disponibilizadas na internet está acabando, mas serviços de assinatura podem ser uma salvação. Não há gratuidade – pelo menos não do ponto de vista da privacidade.

Da aposentadoria à continuidade: Nosso ciclo de trabalho esteve bem definido no decorrer do último século. Os 65 anos eram a linha de chegada da carreira de muita gente. Mas agora precisamos dar umas voltas a mais. O jogo não acaba com a chegada da aposentadoria.

Do CEO para a SHEO: Ainda teremos uma era em que a chegada de uma mulher ao cargo de CEO de uma grande empresa não será notícia por si só. O mundo corporativo ainda é predominantemente masculino, mas isso está acabando.

Do Ocidente para o Oriente: O domínio econômico do mundo ocidental está desaparecendo com a chegada da era da informação. O Ocidente levou a melhor nas três primeiras Revoluções Industriais, mas pode perder a Quarta para países como a China, os Emirados Árabes Unidos e a Índia.

Da diversidade ao pertencimento: A diversidade é um conceito que está na ponta da língua. Mas a inclusão para minorias no ambiente de trabalho deve ser mais do que um representante no meio da maioria. Essa abordagem está chegando ao fim. Não importa nossa identidade, todos nós queremos sentir que pertencemos a algum lugar.